Os Ladrões da Noite (2010-11)
Embebedam-se
de sangue e repousam sobre os corpos putrescentes,
os
ladrões da noite.
Inimigos
dos boêmios e dos poetas que vagam...
Aproximam-se
sorrateiros, os ladrões da noite - oh, criaturas repugnantes!
Ao
luar espreitam...
Rastejam,
urram e espantam as frágeis garotas e outros passantes amantes da noite.
Seres
sem alma que dissipam a calma.
Como
pode um poeta escrever, se não há vida lá fora?
Nem
um Ser, uma mulher a quem oferecer uma flor
ou
sussurrar versos de amor...
Só
o sofrimento tem lugar, nesta noite vazia e vã...
Desapareçam,
ó crias de satã!
E
o boêmio, que entre um copo e outro,
as
mágoas pretende afogar?
Numa
mesa de bar, só e triste...
Ouvindo
aquela canção.... sentindo-se o
verdadeiro astro,
ao
reconhecer em si a desventura cantada – “mais um uísque!”
“Mais
uma dor!”... A boate cheia... E nada para acalmar...
O
temor toma conta, e a cidade se esconde.
A
tormenta é tanta, pois real e próxima,
Que
nada se vê, ouve ou acontece...
E
o Poeta? O Boêmio? Ai, de que ama!...
“Ninguém nos roubará a noite!”, exclama o
poeta.
Num
impulso, o boêmio abre do bar a porta e...
Toda
a vizinhança se põe à janela a espiar:
“Será o momento!? Já era tempo!”