Sobre 'Carolina', de Chico Buarque (2007)

 

"Carolina

Nos seus olhos fundos

Guarda tanta dor

A dor de todo esse mundo

Eu já lhe expliquei que não vai dar

Seu pranto não vai nada mudar

Eu já convidei para dançar

É hora, já sei, de aproveitar

Lá fora, amor

Uma rosa nasceu

Todo mundo sambou

Uma estrela caiu

Eu bem que mostrei sorrindo

Pela janela, ói que lindo

Mas Carolina não viu

 

Carolina

Nos seus olhos tristes

Guarda tanto amor

O amor que já não existe

Eu bem que avisei, vai acabar

De tudo lhe dei para aceitar

Mil versos cantei pra lhe agradar

Agora não sei como explicar

Lá fora, amor

Uma rosa morreu

Uma festa acabou

Nosso barco partiu

Eu bem que mostrei a ela

O tempo passou na janela

Só Carolina não viu"

 

              Para começar, quero dizer que não sou muito bom em analisar coisas (textos, músicas, filmes e etc.); estou começando a fazer bastante isso agora na faculdade.

            Bom, então vamos lá... Nem sei por onde começar, sendo assim, vou analisar cada parte da música separadamente e, depois, direi/escreverei o que sinto ao ouvir a música Carolina, de Chico Buarque.

            A música começa com o narrador (“a personagem que a ama”) descrevendo Carolina: diz que ela é muito triste e que se preocupa muito com os problemas do “mundo que há lá fora”, fora da janela.

            O narrador diz que fez e faz de tudo para ajudá-la, mas não consegue fazer com que ela, Carolina, pare de se preocupar com coisas que não pode mudar e que, desta maneira, aproveite as maravilhas do mundo que há lá fora, além do meio em que ela vive. 

            Mas tudo isso, como sabemos, de nada adiantou, pois “... o tempo passou na janela e só Carolina não viu”.

            Na segunda parte da música, o amor de Carolina pelo mundo se acabou e, na minha opinião, só o restou (o amor) em seu coração, um coração triste. Ela, por algum motivo, desistiu de lutar e sair rumo a um mundo repleto de alegrias e felicidades. E o narrador, que sempre fez de tudo para alegrá-la, não sabe mais o que fazer ou dizer. Não sabe explicar o que aconteceu de errado, mas sempre soube que seu amor (amor de Carolina) um dia iria acabar.

            O principal desta canção, penso eu, é que mesmo sendo Carolina como é (repleta de medos, tristezas e etc.), o narrador não perde o seu amor por ela. Ele (o narrador) luta até não poder mais para fazê-la feliz. Mesmo não obtendo resultados positivos não deixou de amá-la. Por isso acho que esta é, sem dúvida nenhuma, uma canção triste sobre um amor que não deu certo, ou seja, eles não conseguiram ficar juntos: Carolina não correspondeu ao amor do narrador, apesar dos esforços deste.

            O mundo é bem maior do que podemos ver através de uma janela, ou seja, existe muito mais para ser visto e vivido: a janela é só um simples recorte da vida, como um quadro, uma fotografia... É muito difícil para nós, muitas vezes, sairmos dela (da janela), de nosso mundo particular, fechado, onde nos sentimos seguros, enfim, o medo de errar, de não ser aceito, de não corresponder às expectativas, pode nos impedir de enfrentá-lo (de enfrentar “o mundo lá fora”).

Contudo, devemos prestar atenção, pois sempre haverá alguém, como à Carolina, querendo nos ajudar. Como dizia o grande Tom Jobim: “É impossível ser feliz sozinho”, então, vamos todos aproveitar a vida, antes que ela passe e nos deixe para trás.

Para finalizar, tem mais uma coisa que acredito ser muito interessante nessa música, que é o fato de, na primeira parte, quando o narrador está tentando animar Carolina, mostrando as coisas belas da vida, aparecer este trecho: “Lá fora, amor, uma rosa nasceu, todo mundo sambou, uma estrela caiu, eu bem que mostrei sorrindo...”; e no final, quando já não havia mais o que fazer, este trecho aparece: “Lá fora, amor, uma rosa morreu, uma festa acabou, nosso barco partiu, eu bem que mostrei a ela...”, ou seja, tudo morreu/acabou junto com o amor de Carolina, menos o amor do narrador por ela.

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