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Mostrando postagens de janeiro, 2022

Sobre o Jazz (2009)

  Neste pequeno texto, pretendo escrever um pouco sobre o Jazz, com base nos dois autores que utilizei em meu seminário (Jazz e Samba): um é François Billard, No mundo do Jazz – Das origens à década de 50 , o outro é Roberto Muggiati, O que é Jazz (Coleção Primeiros Passos da Editora Brasiliense). Os dois autores tratam da história social do Jazz, desde a sua origem, no início do século XX, até a sua decadência nas décadas de 1960, 70 e 80, com o advento do Rock e outros estilos “pop”. O estudo, nas duas obras, é feito a partir dos músicos, dos jazzmen; é claro, não podemos estudar o Jazz sem os músicos que o desenvolveram, o tornaram o que é. Jazz é música e música é uma arte, uma criação humana, logo, não pode ser estudada, analisada fora de seu contexto histórico, ela é, como todas as ações humanas, fruto de seu tempo; mesmo sendo, enquanto arte, algo atemporal, ou seja, que não está fechado ao seu “próprio tempo” (tempo de origem?), mas atravessa, está presente em todo o tem

O Riso (2012)

            Estavam todos em silêncio esperando o início da apresentação quando, de repente, o riso tomou conta da sala. Ninguém entendia nada, mas todos riam. O riso contagiou os espectadores de tal forma que demorou a se perceber que se tratava de uma apresentação. Alguns até pensavam (e eu estou nesse grupo!) que aquela era a performance: o riso. Porém, não era. A performance que todos aguardavam veio depois.             A performance que o programa anunciara e que todos esperavam era a untitled (moving image) , do artista francês Julien Bismuth. Uma performance onde o artista, valendo-se de uma folha de papel sulfite e um projetor, projetava, na folha que segurava, uma imagem conhecida da Cidade de São Paulo, ao mesmo tempo em que falava sobre a imagem e as suas noções de representação. Não era, então, uma simples projeção de imagem, mas a discussão da própria imagem.               Julien Bismuth nasceu em Paris (1973), trabalhou e morou em Nova York e, atualmente, mora no Ri

Sobre o MASP (2008)

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               Nesta parte do trabalho, pretendo analisar o MASP, desde a escolha do lugar, bem como a sua fundação e a aquisição das obras. E, por fim, analisarei um pouco de sua trajetória até os dias de hoje. A idéia de construir um museu de arte foi do grande empreendedor Assis Chateaubriand (Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo). Este foi o   criador e diretor da maior cadeia de imprensa do país, os Diários Associados , que consistiam em 34 jornais, 36 emissoras de rádio, 18 estações de televisão, uma agência de notícias, uma revista semanal ( O Cruzeiro ), uma mensal (A Cigarra), várias revistas infantis e uma editora . Chateaubriand estava com uma idéia de construir um museu de arte e, em uma ocasião, teve a felicidade de se encontrar com o arquiteto italiano Pietro Maria Bardi (que era casado com a arquiteta Lina Bo Bardi). Este e sua esposa, Lina Bo Bardi, estavam, neste ano de 1946, no Rio de Janeiro, apresentando duas exposições sobre a arte italiana, uma com

Memória e Patrimônio (2008)

  Neste texto, pretendo escrever um pouco sobre as relações entre memória e patrimônio. Para começar, devemos entender o que é a memória para depois analisar como esta pode (e muitas vezes o é) ser utilizada para consagrar ou ocultar um determinado personagem ou fato histórico, na forma do patrimônio, entendido, neste caso, como tudo o que foi produzido pelo Homem: edificações, artes e etc.             A memória, como sabemos, é uma abstração, ou seja, não existe em si mesma; é uma capacidade própria dos Seres Humanos. Um indivíduo, a partir de seus pressupostos, poderá esquecer ou guardar em sua mente (consciente ou inconscientemente) um fato ocorrido em sua vida, seja este vivido, ouvido ou contado. A memória, então, é seletiva, vem do próprio sujeito que a possui, ou não a possui.             Agora, podemos estabelecer uma relação, dentre as várias existentes, entre a memória e o patrimônio. Como vimos, por ser seletiva, a memória vem de cada indivíduo, mas, também, pode ser i

Democracia e Cidadania (2007)

  Neste trabalho, pretendo falar um pouco sobre democracia e cidadania. Primeiro gostaria de explicar o que é democracia, ou seja, o que é um Estado democrático e algumas de suas particularidades. É importante lembrar que o tema democracia é muito vasto e complexo (existem várias formas de democracia e várias formas de como ela se dá), sendo assim, é impossível de a analisar completamente aqui. Por esta razão, estabeleci uma forma de governo democrático a ser analisado: o governo democrático presidencialista. Um governo dito democrático é, em teoria, aquele que é feito pelo povo e para o povo, ou seja, os governantes são eleitos pelos cidadãos e devem fazer o que for melhor para estes e para a sociedade em geral. Digo em teoria porque não é o que geralmente acontece. Segundo Robert A. Dahl, não existe ainda, no mundo real, um governo totalmente democrático e sim formas diversas de democracias, mas nenhuma o é totalmente. Hoje em dia, segundo pesquisas de Gianfranco Pasquino, existe

O Povo na História (2007)

  Este texto pretende fazer uma breve análise sobre o povo na história, ou melhor, sobre o povo em dois períodos históricos: na Inglaterra do século XVII e antes e depois da Revolução Francesa. Para tanto, utilizarei dois autores estudados em sala de aula, são eles: Christopher Hill (‘Os pobres e o povo na Inglaterra do século XVII’) e Albert Soboul (‘A Revolução Francesa’). Como povo, hoje, consideramos todos os habitantes de um Estado, mas, como veremos, não era o que os indivíduos destes dois períodos estudados pensavam. Só os nobres, os clérigos e a burguesia em geral (sendo esta alta ou baixa) eram considerados como membros do povo. Podemos então notar que a grande massa urbana e rural, sem posses, não entrava na classificação dos chamados cidadãos de respeito, os “bons homens“. E, dessa forma, a população era controlada pelos “verdadeiros cidadãos” e a “ordem social “ mantida em função do constante progresso a que viviam e desejavam os burgueses. No texto do historiador i

Sobre ´Vigiar e Punir', Foucault (2008)

    O livro ‘Vigiar e Punir’ (‘Surveiller et punir‘) foi escrito pelo filósofo francês Michel Foucault (1926–84) e publicado em 1975. A presente edição, lançada pela Editora Vozes, é a 34º edição (brasileira) e possui 262 páginas.               Foucault é um pensador epistemológico, pois procura, não só neste livro, mas em toda a sua obra, descobrir, estudar a formação, o desenvolvimento dos saberes sobre o Homem. Saberes estes, que tem como função última controlar, normalizar a sociedade para melhor controlá-la, ou seja, para mantê-la em pleno funcionamento. Foucault faz uma história da formação (em um período de longa duração) de um saber, que cresce e se transforma em busca da melhor forma, da maneira mais eficaz de controlar a sociedade até ao mais simples indivíduo. Podemos ver, ao longo da obra, que este poder, criador de um saber, de um saber que, por sua vez, cria uma individualidade do indivíduo dentro da sociedade, para, desta forma, melhor entendê-lo, vigiá-lo e controlá-

Sobre Revolução (2009)

  Neste texto, veremos um pouco sobre o que é uma revolução, a partir dos conceitos e autores utilizados em sala de aula: Hannah Arendt, Florestan Fernandes, Héctor H. Bruit; uma filósofa, um sociólogo e um historiador. Primeiramente, entenderemos o conceito de revolução de cada um dos autores estudados; depois apresentaremos, por meio da comparação, uma conclusão a respeito do tema. Começaremos por Hannah Arendt. Para esta autora, a revolução é necessariamente um fenômeno político e não social, é a busca pela liberdade, não uma liberdade individual, egoísta, e sim uma liberdade desejada por todos os membros de uma determinada sociedade – pelo menos por todos aqueles que não a tem --; mas que liberdade é esta? Bom, o “ser livre”, para essa autora, é possuir a liberdade para a ação política, ou seja, é a participação pública, e esta é o objetivo dos “verdadeiros” revolucionários, e não a simples mudança de quem detém o poder, ou está no poder. Para Hannah Arendt sem o “nós”, um

Montagem e Bricolagem (2012)

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               Para entendermos a montagem e a bricolagem na arte, faremos uma comparação entre as duas atividades com base na obra de dois artistas: Dziga Vertov (1896-1954), um cineasta e Robert Rauschenberg (1925-2008), um artista plástico. A produção destes dois artistas nada tem a ver entre si, mas serve ao nosso objetivo de compreender a montagem e a bricolagem.             Dziga Vertov foi um dos principais diretores do cinema russo. Aqui, sua obra, Um homem com uma câmera (1929), será utilizada como o exemplo máximo da arte como montagem, não só porque o cinema é a própria montagem (montagem das cenas, dos cenários, do som, da fala, sincronia do som e da imagem e etc.), mas também, porque seu filme discute a própria linguagem cinematográfica. Não sei se podemos chamar Um homem com uma câmera de experimental, como o é O sangue de um poeta (1931) do francês Jean Cocteau, pois o primeiro deseja mostrar a Moscou industrializada e o cotidiano humano na “moderna” cidade, enquanto