Sobre Revolução (2009)
Neste texto, veremos um pouco sobre o que é uma revolução, a partir dos
conceitos e autores utilizados em sala de aula: Hannah Arendt, Florestan
Fernandes, Héctor H. Bruit; uma filósofa, um sociólogo e um historiador.
Primeiramente, entenderemos o conceito de revolução de cada um dos autores
estudados; depois apresentaremos, por meio da comparação, uma conclusão a
respeito do tema.
Começaremos por Hannah Arendt. Para esta autora, a revolução é
necessariamente um fenômeno político e não social, é a busca pela liberdade,
não uma liberdade individual, egoísta, e sim uma liberdade desejada por todos
os membros de uma determinada sociedade – pelo menos por todos aqueles que não
a tem --; mas que liberdade é esta?
Bom, o “ser livre”, para essa autora, é possuir a liberdade para a ação
política, ou seja, é a participação pública, e esta é o objetivo dos
“verdadeiros” revolucionários, e não a simples mudança de quem detém o poder,
ou está no poder.
Para Hannah Arendt sem o “nós”, um consenso, um desejo “geral” de
liberdade, não há revolução, apenas rebeliões.
Portanto, revolução, grosso modo, para nossa autora, seria a retomada da
participação política de toda a população, e não o fim do aparelho político ou
do governo vigente; não seria uma ruptura com o devir histórico, seria apenas a
instauração de uma liberdade de todos e para todos, sem a necessidade do uso da
violência.
Já para Florestan Fernandes, revolução é uma “mudança radical que mexe
nas estruturas da sociedade”, ou seja, é algo extremamente rápido e violento; é
a tomada do poder pelos dele excluídos – em especial, os proletários; de um
ponto de vista marxista, a idéia de revolução de Florestan é a tomada do poder
pelas classes oprimidas, caso contrário, seria uma contra-revolução, ou golpe,
nas palavras do próprio autor – para Marx e Engels, “a revolução na sociedade
capitalista seria a derrubada da sociedade burguês-democrática”. Mas esta
revolução não é apenas política, é também econômica e social.
Para nosso terceiro e último autor: Bruit, a revolução, como para
Florestan Fernandes, é uma ruptura, uma mudança rápida e radical na estrutura
social.
A diferença entre eles consiste no fato de que, para Bruit, as ações
revolucionárias devem ser medidas não pela violência, e sim consequências para
a sociedade na qual ocorre, ocorreu.
Na análise deste historiador, a revolução necessita de um líder, ou
líderes (intelectuais e etc.); e é temida pela sociedade que, de um modo geral,
a vê dum ponto de vista negativo, por temer as possíveis mudanças, as possíveis
consequências, no que pode ser considerado “normal”, devido à acomodação dessas
pessoas.
Ao analisarmos esses três autores, chegamos à conclusão de que uma
revolução é realmente uma “brusca” ruptura com a estrutura social vigente
(concordando com Florestan e Bruit), mas não apenas política (neste ponto,
apenas neste ponto, podemos discordar de Hannah Arendt).
Se não houver essa “brusca ruptura” não há revolução, há apenas
rebeliões, revoltas e etc.; e, por outro lado, podem existir revoluções
“falhadas”, ou seja, movimentos de grandes rupturas que foram impedidos ou
vencidos, e que, nem por isso, deixam de ser considerados revoluções.
Enfim, uma revolução para ser realmente uma revolução deve provocar algo
“grandioso”, algo que transforme a sociedade, na qual ocorre, de tal modo que
esta não possa mais se “identificar” com seu estado anterior, pelo menos, não
totalmente.