Liberdade! (2010)
Quando amanhece,
antes mesmo do sol nascer,
Eles surgem, ele
surge, o pássaro veloz...
Dentre as brancas
nuvens, rasgando-as,
furando-as, numa
manhã azul...
Sobrevoa o mar
Sobrevoa os desertos
Sobrevoa desertos e planícies...
- tão belo é tudo! –
Repousa sobre os
campos floridos;
Sente os perfumes das
flores, maravilha-se com suas cores...
Parte rumo à cidade
(o mundo de concreto...)
- acha-a bela também!
Uma beleza diferente... –
Desvia de edifícios,
casas e postes; observa
as gentes que
passam...
- grande é a vida! –
Num mesmo edifício,
repara as pessoas em seus cotidianos;
Cada qual com sua
vida, seu ideal, sua sorte...
Em certa sacada, vê,
preso a uma gaiola,
dependurada num
gancho de metal,
outro pássaro a piar...
Com um cantar forte, porém
triste,
Lembrando, assim, o blues
dos pretos trazidos para o novo mundo...
Sem muito mais poder
fazer, pousa ao lado de seu companheiro
de espécie...
E põe-se a piar
também... os dois juntos, cada qual com seu destino, entoam
um só lamento de não
serem todos livres...