Liberdade! (2010)

 

Quando amanhece, antes mesmo do sol nascer,

Eles surgem, ele surge, o pássaro veloz...

Dentre as brancas nuvens, rasgando-as,

furando-as, numa manhã azul...

 

Sobrevoa o mar

Sobrevoa os desertos

Sobrevoa desertos e planícies...

- tão belo é tudo! –

Repousa sobre os campos floridos;

Sente os perfumes das flores, maravilha-se com suas cores...

 

Parte rumo à cidade (o mundo de concreto...)

- acha-a bela também! Uma beleza diferente... –

Desvia de edifícios, casas e postes; observa

as gentes que passam...

- grande é a vida! –

Num mesmo edifício, repara as pessoas em seus cotidianos;

Cada qual com sua vida, seu ideal, sua sorte...

 

Em certa sacada, vê, preso a uma gaiola,

dependurada num gancho de metal,

outro pássaro a piar...

Com um cantar forte, porém triste,

Lembrando, assim, o blues dos pretos trazidos para o novo mundo...

 

Sem muito mais poder fazer, pousa ao lado de seu companheiro

de espécie...

E põe-se a piar também... os dois juntos, cada qual com seu destino, entoam

um só lamento de não serem todos livres...


(Ilustração: Renata Alves, 2021, https://www.instagram.com/re.martinsrs/)


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