O Artista (2009)
É fato que não existe
ninguém que esteja além de seu tempo, ou seja, o Ser Humano, bem como tudo o
que faz e pensa, é fruto do tempo e espaço em que nasceu e se desenvolveu, se desenvolve;
ou, por vezes, do tempo que o precedeu.
Sendo assim, não podemos
dizer que um artista está ou pensa além de seu tempo, pois, na verdade, não o
está. O artista, isso já ouvi dizer, é aquele que consegue, que tem a
capacidade, de, mais facilmente, compreender o tempo, o mundo, em que vive, com
seus problemas e maravilhas. E é este mundo, o mundo da vivência cotidiana, que inspira, constitui e dá forma a sua
arte; e é esse mundo que a faz, a sua arte, ser o que é.
A arte é, pois, a
representação das sensações, sentimentos, anseios, sonhos e utopias do artista,
e não simples mercadoria.
Não quero, com isso, dizer
que o artista e sua produção, isto é, sua arte, devam ficar “presos” apenas ao
“seu” tempo. Não, nesse sentido, a arte, como a história (a qual a arte também
faz parte, é claro.), não permanece em uma constante evolução, no sentido
linear e progressista da palavra, mas se desenvolve a partir das necessidades
particulares de cada sujeito, do artista, no caso; desenvolve-se na tentativa
de responder, ou, pelos menos, de tentar encontrar uma resposta, às questões em
xeque; no entanto, mesmo com o passar do tempo, algumas destas questões
permanecem, ao mesmo tempo em que outras surgem ou desaparecem.
E é assim que caminha a
história: uma simples, mas ao mesmo tempo complexa, questão de permanências e
rupturas; do contrário, estaria a humanidade estática e acomodada.
Enfim, nós não caminhamos
rumo ao constante e infinito progresso, nós simplesmente existimos, agimos e
vivemos, fazendo, assim, algo de nós mesmos, algo para nós mesmos... egoístas?...