'Soneto da Hora Final' - Vinicius de Moraes
"Será assim, amiga: um certo dia
Estando nós a contemplar o poente
Sentiremos no rosto, de repente
O beijo leve de uma aragem fria.
Tu me olharás silenciosamente
E eu te olharei também, com nostalgia
E partiremos, tontos de poesia
Para a porta de treva aberta em frente.
Ao transpor as fronteiras do Segredo
Eu, calmo, te direi: - Não tenhas medo
E tu, tranquila, me dirás - Sê forte.
E como dois amigos namorados
Noturnamente tristes e enlaçados
Nós entraremos nos jardins da morte."