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   "... Certa noite de outono, cinco anos antes, desciam eles por uma rua no momento em que caíam as folhas, chegando a um lugar em que não havia árvores e em que a calçada estava alva de luar. Detiveram-se e voltaram-se um para o outro. Agora, a noite estava fria, tendo em si aquela misteriosa excitação que ocorre nas duas mudanças do ano. As luzes tranquilas das casas sussurravam na escuridão, e havia, entre as estrelas, agitação e alvoroço. Pelo canto dos olhos, Gatsby viu que os blocos dos passeios formavam, na verdade, uma escada, subindo para um lugar secreto acima das árvores: ele poderia subir por ela, se subisse sozinho, e, uma vez lá, poderia sugar o sumo da vida, tragar o leite incomparável de todas as maravilhas. 
   Seu coração batia cada vez mais rápido, à medida que o alvo rosto de Daisy se aproximava do seu. Sabia que, ao beijar aquela garota, unindo para sempre suas visões indescritíveis ao hálito perecível de Daisy, seu espírito jamais se entregaria a traquinagens, como o espírito de Deus. Aguardou, pois, um momento, atento ao diapasão que soara sobre uma estrela. E, então, beijou-a. Ao toque de seus lábios, ela desabrochou como uma flor, e a corporificação foi completa." 

- F. Scott Fitzgerald, em 'O Grande Gatsby' 

Filme: 'O Grande Gatsby' ('The Great Gatsby', 
1974)

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